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domingo, 10 de abril de 2011

5 Dicas Para Escrever Bem

Lí uma matéria muito interessante essa semana que nos oferece dicas sobre como elaborar um texto coerente, que traga prazer e desperte a curiosidade do leitor. O legal é que as dicas vêm de lados totalmente diferentes: da política, do marketing, da literatura clássica, da imprensa etc.

Mas, primeiramente, o que é necessário para que um texto impressione o leitor?
O texto que impressiona diz algo além do que está na superfície. Ele traz associações e expõe as ideias de uma maneira clara, para que não haja duplas interpretações. 

Veremos a seguir que a história da cultura, da literatura, do cinema, da publicidade e até da política nos deixaram muitas lições sobre como impressionar um leitor. Aí Vai:

1- Dica da Política
Tenha certeza de que foi entendido

Nas fotos acima, O prefeito de Manaus discute com uma moradora.

Vejamos a encrenca causada quando o dito é interpretado como sendo outra coisa.
O prefeito de Manaus, Amazonino Medes (PTB), passou um sufoco em fevereiro deste ano por não ter sido compreendido da forma que pretendia. O prefeito visitava a comunidade Santa Marta, área de risco de desabamento na periferia, quando foi abordado por uma Sra. desempregada que disse a ele que não se mudaria dali porque não tinha dinheiro. O prefeito impacientou-se e, diante da resistência da mulher, adotou a seguinte frase:

- Filha, então morra, morra!

Seria engraçado se não fosse trágico.

O prefeito diz que foi mal interpretado. Teria sido só um jeito infeliz de expressar-se. O "então, morra" na verdade significava "Mas, se você não sair daqui, fará opção consciente por pôr a vida em risco". A expressão não retratava desejo ou praga, segundo o prefeito. 

Entretanto, um bom texto é aquele em que nossas palavras são interpretadas como queríamos. Ser desatento a isso pode resultar numa saia justa. O prefeito de Manaus que o diga. Por isso criemos o hábito de revisar o que escrevemos, e se tivermos alguma dúvida sobre a clareza das informações, peçamos ajuda.

2- Dica da Publicidade
Como apresentar suas ideias


O mais simples cartaz publicitário ou comercial de TV nos ensina a levar sempre em conta o público alvo que receberá nossas ideias. Devemos nos adequar ao nível de formalidade da comunicação cotidiana. Um texto dedicado ao público juvenil não poderá conter a mesma estrutura e colocação de palavras de um texto formal endereçado a um diretor de empresa, por exemplo.

3- Dica da Literatura Policial
Construa a realidade de forma confiável

Vamos falar um pouco sobre o livro O Nome da Rosa, de Umberto Eco:
"Um pescador está à margem esquerda de um rio, com o anzol de prontidão. Se ele faz isso sempre, ser pescador implica ter toda uma sequência meio que inevitável de atitudes e gestos", pensa Eco. "Nós a descrevemos. O personagem se desenha."

"Se ele tem um jeitão agressivo e a ficha suja na polícia, temos um começo de personalidade e nós acrescentamos isso ao texto, talvez num ritmo mais lento e fluvial nas passagens que descrevem a pesca, talvez aos sobressaltos na hora de falar de seu temperamento", sugere Eco.

De qualquer modo, o pescador está lá. Espera o peixe fisgar a isca. É sua rotina diária, paciente. Não há uma história a ser contada, mesmo sendo um personagem interessante, paciente e tal. Entretanto, o personagem, afinal, faz somente o previsível, como todo dia em que pesca. É preciso complicar as coisas.

Eco imagina um corpo levado pela correnteza quando o pescador está naquele rio. Pronto, algo perturbou a sua rotina. Mesmo assim, ele poderia ficar lá parado, indiferente, cuidando da própria vida, que tem mais o que fazer (pescar ou não se comprometer, pois tem a ficha suja). Mas, também não teremos uma história se só isso acontecer.

A aventura começa quando um fato perturbador da rotina de alguém faz esse alguém encarar um desafio que, de outro modo, não o faria. O corpo no rio pode, por exemplo, ter alguma ligação com o pescador. Ser uma antiga namorada, talvez um amigo que nao vê faz tempo. Talvez pior. Pode ser o cadáver do homem que ele odiava. O que ele faz? Foge? Sai calmamente como se nada tivesse acontecido? Mas e se ele foi visto e envolvido no caso?
Resumindo, para que o ponto de vista dele seja convincente, é preciso construir o contexto em que ele se move. Qualquer argumento, para ser defendido, exige outros argumentos de apoio, senão a realidade que ele representa será capenga.
Portanto, não mate uma ideia porque não quis desenvolver o raciocínio que ela requer.

4- Dica do Cinema
"Encene" uma ideia

Só faz sentido contar uma história porque ela encena algo que queremos comunicar. Para terem impacto, as ideias precisam encontrar forma. na superfície, mas dizer também outra coisa além dela. É preciso saber o que se deseja dizer, que imagem queremos criar na mente do leitor ou que mensagem queremos deixar.

Diga o que tem a dizer e pare. Antes, porém, dê ao leitor algo que o faça pensar e encerre seu texto com uma mensagem marcante. Ofereça a ele algo que o surpreenda. Um desafio, uma sugestão de ação ou solução de problema. Conduza seu leitor a uma possibilidade de ação.

5- Dica da Retórica Contemporânea
Busque conhecer tipos distintos de argumento

Para ser bem escrito, um texto precisa conter bons argumentos. Vejamos alguns deles:

Fonte de referência - As opiniões de uma ou mais fontes (estudiosos, empresas, órgãos públicos, etc.) dão sustentação a um argumento.
Ex: "A Associação Europeia de Exportadores de Carne declarou que a carne bovina brasileira é uma das melhores do mundo. Razões não faltam para concordar."

Analogia - Estabelecer comparação entre duas situações.
Ex: "A pessoa paga de boa vontade a manutenção de seu carro. Por que não teria igual cuidado com o seu corpo?"

Causas e Efeitos - Para dizer que algo é causa e outro é efeito, é preciso que a primeira preceda a segunda.
Ex: "No Brasil, um homossexual é morto a cada três dias (causa), o que torna o país um dos mais homofóbicos do mundo (efeito), com estatística anual de 198 mortes violentas."

Citar Exemplos - Enumerar fatos dá consistência a uma tese.
Ex: "As mulheres antigamente se casavam muito cedo. Julieta, em Romeu e Julieta, de Shakespeare, não tinha nem 14 anos. Na Idade Média, 13 anos era a idade para o casamento das judias. E, no Império Romano, muitas se casavam com 13 anos ou menos."

Uma argumentação precisa começar com uma ideia plausível. Se não estiver seguro dela, pesquise mais sobre o assunto ou descarte-a e passe para outra. É preciso que ela seja sustentada em argumentos. Veja a frase a seguir: "Só existem muitos pobres no Brasil porque foram poucos os que se interessaram em se comprometer com os estudos."



Ao generalizar a causa da desigualdade social no país, a idéia simplifica o problema ao excluir outras possibilidades. Isso deixa o texto sem fundamento, incompleto em suas idéias.

Enfim, essas foram algumas dicas sobre como montar um texto interessante, convincente e que prenda a atenção do leitor.

Até o próximo post!