A crase é um verdadeiro bicho papão para muita gente, não é?
Mas muitos deixariam de vê-la dessa forma se pensassem nela como uma ferramenta para evitar ambiguidade nas frases.
A crase (`) no a tem duas aplicações distintas:
1) Sinalizar uma fusão (a crase):
Indica que o a vale por dois (à = a+a):
"Dilma Rousseff compareceu às CPIs".
2) Evitar ambiguidade:
Sinaliza a preposição a em expressões, indicando que não se deve confundi-la com o artigo a:
"Dilma Rousseff depôs à CPI".
Sem a crase, a frase hipotética se revela ambígua:
Dilma destituiu a CPI ou apenas deu depoimento à comissão?
O sinal de crase tira a dúvida.
Ambiguidade
Muitas frases em que a preposição indica uma circunstância (instrumento, meio etc.), em sequências do tipo "preposição a + substantivo feminino singular", podem dificultar a interpretação por parte de um leitor ou ouvinte. Na maioria dos casos, essa ambiguidade é desfeita pela crase.
Exemplos de casos em que a crase retira a dúvida de sentido de uma frase:
1- Cheirar a gasolina (aspirar) X Cheirar à gasolina (feder a).
2- A moça correu as cortinas (percorrer) X A moça correu às cortinas. (seguiu em direção a).
3- O homem pinta a máquina (usa pincel nela) X O homem pinta à máquina (usa uma máquina para pintar).
4- Referia-se a outra mulher (conversava com ela) X Referia-se à outra mulher (falava dela).
Entretanto, a falta de clareza, por vezes, ocorre na fala, não tanto na escrita. Exemplos de dúvida fonética:
- "A noite chegou."
Na linguagem falada há ambiguidade:
Alguém chegou à noite, ao escurecer? Ou foi a noite que chegou no fim da tarde?
Como saber o sentido de uma frase como essa, se não exisitisse a crase?
- "Ela cheira a rosa."
A afirmação será ambígua, se oral. Se escrita, terá sentidos diferentes:
"Ela cheira a rosa" significa que a dama aspira o perfume da rosa. Já "ela cheira à rosa" indica que a princesa tem o perfume da flor.
Na escrita, com a crase, nem é preciso explicar ou entender o contexto.
Sem a crase, construções como essas serão sempre ambíguas.
Em expressões com palavras femininas, ela é utilizada por tradição: "às vezes", "à moda de", "à espera", "à medida que", "à custa de", "à prova de" etc.
Mesmo a regra da crase como índice de contração com "distância" tem sido interpretada pelos usuários do idioma como dependente do contexto.
Pela regra tradicional, não há acento, se a "distância" estiver indeterminada:
"Ficar a distância". "Seguiu-a a distância". "Manteve-se a distância segura".
Se a "distância" estiver definida, determinada numericamente, há acento:
"Ficou à distância de dois metros". "Viu o corpo à distância de três passos".
Importante: NUNCA pensamos em crase com palavras masculinas ou verbos!
Talvez esse post tenha descomplicado um pouquinho... espero que sim! =D
Após verificar no cotidiano a dificuldade que as pessoas têm em utilizar corretamente a Lingua Portuguesa, criei este Blog, para auxiliar na correta expressão de nosso idioma. Além de oferecer dicas e comentários sobre bons livros e tudo o que envolve o Português em geral.
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segunda-feira, 11 de julho de 2011
De Onde Veio Esse Passarinho Verde?
Certamente todos nós já ouvimos, ao menos uma vez na vida, alguém dizer "Viu um passarinho verde?". Mas o que significa e como surgiu essa expressão?
A conhecida expressão "ver passarinho verde" lembra aquelas pessoas que, sem nenhum motivo aparente, demonstram exagerada alegria. De fato, verde é a cor da esperança - mas, e daí? O que o passarinho tem a ver com isso?
A ave é o periquito, que antigamente era muito usado para carregar em seu bico mensagens entre casais de apaixonados. Assim, avistar o delicado animalzinho seria, por assim dizer, equivalente a localizar o portador de segredos amorosos; ou, ainda, a visão daquele que alimenta nossa deliciosa expectativa de boas notícias em relação ao ser amado.
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